sábado, 14 de fevereiro de 2009

POESIA

P O E S I A “Hoje é sábado, amanhã é domingo / A vida vem em ondas com o mar”....... No seu mais-que-famoso poema, Vinícius amargamente se queixa do equívoco divino de haver criado o ser humano. Como diz textualmente, se Deus houvera descansado no sexto dia, ao invés do sétimo, “seríamos talvez pólos infinitamente de partículas cósmicas em queda invisível na terra. / Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes”.................................................. / “seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das águas em núpcias / a paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio / a pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em cópula.”..... concluindo que o universo plenamente já se bastava a si próprio no quinto dia da criação. Mas o criador, talvez tomado pela delirante euforia que aquele súbito desandar criacionista, possa ter-lhe provocado, não parou por ali: “E para não ficar com as vastas mãos abanando / Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança / Possivelmente, isto é, muito provavelmente / Porque era sábado.” Meus sentimentos vão na contramão do poema. Acho mesmo que deles venha a sensação epífana do qual sou presa aos sábados. Nesse dia da semana geralmente já acordo com excelente humor. Que bom que o Todo Poderoso resolveu pegar no batente mais um período e por isso eu existo! Mesmo com as neuroses comuns à espécie (que alguns dizem ser fruto da degenerescência cromossômica de algum primata), viver e ter plena consciência disso torna completa a fruição do sábado. Outro grande poeta cantou dia diverso, a sexta-feira. Talvez por ser de geração mais moderna, por isso encarando com familiaridade a instituição da “semana inglesa” (que para Vinícius e seus contemporâneos constituiu-se uma novidade), Tom Jobim celebra a sexta-feira em versos alegres e música laudatória. “Borzeguim” é cantada no mundo inteiro, em contagiante tom de júbilo, pois “Hoje é sexta-feira de manhã / Hoje é sexta-feira / Deixa o mato crescer em paz” . Esse último verso eu o imagino de alguma forma ligado à desesperança do poeta mais velho, que deixou de ter esperanças no homem e que ele algum dia pudesse deixar de viver à custa das demais criaturas do planeta, vegetais e animais. Finalmente, para concluir, os belos versos da canção lançada pelos “meninos” do “Som Imaginário” salvo engano em 1970. Também não recordo a autoria: para mim ou é do Tavito ou do Zé Rodrix. Se alguém quiser me ajudar...

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